O Amor
Eu sou o Amor, o Deus que a terra inteira gaba!
Vivo enlaçando os sóis pelo
Universo afora,
Dos ódios expurgando a venenosa baba,
Que os mundos
desagrega, espalha e desarvora.
O tempo tudo avilta; a morte tudo
acaba;
E o louro sol jamais a murcha flor colora;
Novos mundos, porém, do
mundo que desaba
Faço surgir e salto em rutilante aurora!
Caso
estrelas no céu e corações na terra;
Da treva arranco luz; do nada arranco
vida,
E crivo de vulcões o gelo que a alma encerra!
Mudam-te o peito
em mar meus lúbricos desejos,
E tua mente ondeia e fulge colorida,
Como
raio de luz entre vergéis de beijos!
Fausto Cardoso
(Fausto Cardoso nasceu no dia 22 de Dezembro de 1864. Morreu em 1906.)
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