Nervos de oiro
Meus nervos, guizos de oiro a tilintar,
Cantam-me na alma a estranha sinfonia
Da volúpia, da mágoa e da alegria,
Que me faz rir e que me faz chorar!
Em meu corpo fremente, sem cessar,
Agito os guizos de oiro da folia!
A Quimera, a Loucura, a Fantasia,
Num rubro turbilhão sinto-As passar!
O coração, numa imperial oferta,
Ergo-o ao alto! E, sobre a minha mão,
É uma rosa de púrpura, entreaberta!
E em mim, dentro de mim, vibram dispersos
Meus nervos de oiro, esplêndidos, que são
Toda a Arte suprema dos meus versos!
"Charneca em Flor", Florbela Espanca
(Florbela Espanca nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894. Morreu em 1930.)
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