Ciúmes do passado
Quando teu rosto adorado
Da luz do amor se ilumina,
Resplandecente a meu lado,
Não sabes porque, anuviado,
O meu semblante se inclina?
Porque um amargo sorriso
Pelos meus lábios desliza,
Quando teus lábios, Luísa,
Me proferem, anelantes,
Tantos protestos de amor!
É que minha alma se oprime
À lembrança do passado,
Em que já outro a teu lado
Escutou essas palavras,
Que me repetes agora
Cada vez com mais ardor;
E que esses mordidos beijos
Que me perdem de ventura,
Dados com a mesma ternura
Já perderam de desejos
Neste mundo outro também!
E tu não sabes, querida,
Os zelos que me devoram
À lembrança que, na vida,
Já quiseste a mais alguém?!
"Versos de Bulhão Pato", Bulhão Pato
(Bulhão Pato nasceu no dia 3 de Março de 1828. Morreu em 1912.)
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