domingo, 1 de março de 2015

Maricarmen, por supuesto

Foto Hernâni Von Doellinger

Ontem. Um bando de moças desce as escadas que levam até aos bares do Molhe, na Foz. São seis ou sete, modernas, bem vestidas, galhofeiras. Uma das raparigas despe a gabardina e exibe-se com um vestido de "espanhola". Vermelho e preto, por supuesto, e com um letreiro ao peito. Penso: coitadas, chegaram atrasadas ao carnaval; ou então são palerminhas das praxes; ou então são palerminhas das praxes que chegaram atrasadas ao carnaval.
Aproximo-me para proceder à competente desambiguação. O letreiro diz: "Felicita-me ou não. Vou-me casar". Percebo logo tudo, oh juventude irreverente e criativa! É um novo ritual de despedida de solteira. Só pode ser. Ou publicidade ao viagra; ou uma partida para os apanhados.
Comovem-me a simpatia e a originalidade da ideia. Esta espécie de performance, teatro de rua, em vez do tradicional striptease masculino. Que coisa bem sacada! A "espanhola" apercebe-se de que eu estou na onda, aproxima-se de mim, toda gaiteira, com umas cuequinhas verdes na mão direita e umas cuequinhas cor-de-rosa na mão esquerda. Que giro! Fala em castelhano:
- Olá. Vou casar amanhã. Podes dizer-me que cuecas devo usar? Estas ou estas?
- Nem umas nem outras, minha senhora. Sem cuecas é que vai bem - respondo eu, sumariamente ponderado o assunto em questão.
As "amigas" riem e tiram fotografias. Eu fico no retrato.
Vermelha-e-preta e radiante, la novia insiste:
- Ningunas?
- É como lhe digo, minha senhora. Se o caso é casamento, sem cuecas é que usted vai bem.
A rapariga parece-me ter ficado algo desconsolada com a minha resposta. Eu, que só quero ajudar, dou-lhe uma segunda oportunidade:
- Olhe, espere lá. Arregace aí as saias e experimente os dois pares, um de cada vez, a ver se eu mudo de ideias.
- ...

E desejei-lhe muitas felicidades.

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