Ano 2019. A minha sogra estava a ver na televisão a missa do 13 de Outubro no
Santuário de Fátima. A santinha, que graças a Deus não padece de fastio,
antes pelo contrário, costuma almoçar cerca das 11h30, mas a missinha
tomara realmente conta dela, ensimesmada numa tremenda devoção, sem
sequer deitar os olhos ao aparelho.
Resolvi ainda assim perguntar-lhe num sussurro se queria comer à
horinha ou se esperávamos pelo fim das cerimónias. - No fim da santa
missa!, respondeu-me com rispidez, como se por um segundo eu lhe
tivesse interrompido o Céu. Pronto: a mesa podia esperar.
Os ponteiros do relógio andaram um quarto de hora, mas a televisão
não: a missa continuava no mesmo sítio. A minha sogra agitava-se, os
impasses incomodam-na sobremaneira, especialmente se meterem rancho.
Levantou-se então do trono e ordenou: - Vamos mas é comer, que isto é
povo que nunca mais acaba para a sagrada comunhão!...
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