Ter que viver quando se perde a filha
Filha minha saudosa e idolatrada,
Quando me vens sorrir, noturnamente,
Sinto abrir-se em minh´alma descontente
Um pálio de ouro, como o da alvorada.
Sei que és morta, que foste desfolhada,
Celeste flor, na santa paz dolente,
E que ao céu teu espírito inocente
Se alou, como uma essência delicada!
Mas vem à noite, como um astro errante,
Beijar-me o rosto lívido e tristonho,
Deixando a glória e os ouropéis do Empíreo!...
Vejo-te em sonho, clara, a todo o instante...
É minha sina errar, de sonho em sonho,
Em derredor do túmulo de um lírio!
Artur Goulart Penteado
(Artur Goulart Penteado, que também assinava Artur Romero e Rui de Goa, nasceu no dia 2 de Outubro de 1872. Morreu em 1919.)
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