Gosto de viver, tento aproveitar bem o tempo que me separa do fim. Mas a alegria de viver difere da que conheci na juventude e se prolongou por muitos anos. Recordo com saudade o que sentia ao contemplar o céu azul do Alentejo, o prazer de cavalgadas nos montados do Guadiana, as horas de meditação sobre a aventura humana em travessias dos Andes e de cordilheiras asiáticas, a suave carícia do banho nas águas turquesa do Caribe, a fúria das cheias nos grandes rios da Amazónia, a euforia da participação em lutas revolucionárias. Na velhice não posso mais sentir o que sentia ao descobrir o mundo. Algo permanece inalterado. A capacidade de amar e a disponibilidade para lutar pela transformação revolucionária do mundo.
"Enquanto a Memória Responde", Miguel Urbano Rodrigues
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