Estou hoje esplenético e vazio,
maré vazante e angústia do sol-pôr...
no meu crânio, ao clarão sinistro e frio,
passam, bailando, espectros de terror...
Já não acho expressão à minha dor,
que, de ribeiro, se tornou em rio,
onde bóia, afogado e em seu livor,
da glória, da ilusão, do amor, o trio...
Assim fico, gelado e resupino,
olhos vidrados, dentro a treva imensa,
petrificado pelo meu destino.
Eis, sonâmbula, a noite ascende a prece
da alma das plantas, que o jardim incensa,
e, lenta, a febre baixa e se arrefece...maré vazante e angústia do sol-pôr...
no meu crânio, ao clarão sinistro e frio,
passam, bailando, espectros de terror...
Já não acho expressão à minha dor,
que, de ribeiro, se tornou em rio,
onde bóia, afogado e em seu livor,
da glória, da ilusão, do amor, o trio...
Assim fico, gelado e resupino,
olhos vidrados, dentro a treva imensa,
petrificado pelo meu destino.
Eis, sonâmbula, a noite ascende a prece
da alma das plantas, que o jardim incensa,
Hugo de Carvalho Ramos
(Hugo de Carvalho Ramos nasceu no dia 21 de Maio de 1895. Morreu em 1921.)
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