"Isso é, quanto a mim, o maior risco para a nossa democracia. Não é tanto que haja um golpe militar, ou que haja uma tentativa autoritária", disse então Pacheco Pereira, fazendo notar que o ambiente de crise o favorece, com "uma forte deslegitimação do sistema político, dos políticos e dos partidos".
E que mais afirmava Pereira? Que democracia e demagogia "são completamente diferentes, mas muito parecidas", pois "ambas têm uma forte presença daquilo a que podemos chamar opinião popular", com a segunda a recorrer muito aos meios que a Internet propicia. E que "essa possibilidade demagógica e populista virá pela televisão, por alguém que será simpático para um número significativo de pessoas e que fale a linguagem antipolítica", salientando que tanto pode ser de direita como de esquerda e até pode passar por eleições.
"O populismo ganha eleições e depois governa-se sem lei ou com pouca lei. E como há uma grande desagregação do sistema judicial e uma grande desagregação da autoridade do sistema judicial, uma desagregação, no fundo, do primado da lei, está criada essa cama" - avisou.
Isto foi há doze anos, muito antes da pandemia e do estado a que chegámos. Confesso que, à época, eu ainda lia e ouvia Pacheco Pereira com um certo preconceito - estupidez minha - e até brinquei com o assunto. Repito: estupidez minha. No circo da análise jornalística, quero dizer, no mundo da opinião tutti frutti esparramada nos jornais, Pacheco Pereira é, na verdade, um oásis de lucidez e ponderação, um poço de sabedoria. Um abençoado destoante.
Isto foi há doze anos, muito antes da pandemia e do estado a que chegámos. Confesso que, à época, eu ainda lia e ouvia Pacheco Pereira com um certo preconceito - estupidez minha - e até brinquei com o assunto. Repito: estupidez minha. No circo da análise jornalística, quero dizer, no mundo da opinião tutti frutti esparramada nos jornais, Pacheco Pereira é, na verdade, um oásis de lucidez e ponderação, um poço de sabedoria. Um abençoado destoante.
E clarividente. Em 2012, Pacheco Pereira acertava praticamente em cheio nos dias de hoje. Enganou-se, é certo, na arma - o novo Sidónio não será com certeza de Cavalaria -, mas o branco, o branco já lá estava. Branco e radiante.
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