Foto Hernâni Von Doellinger |
O meu sogro, que estaria agora nos 95 anos se não me tivesse morrido nos braços num fim de tarde do fim de Novembro de 2015, declarava, na sua infinita simplicidade: - Se me derem bacalhau todos os dias, para mim está muito bem e até agradeço.
E o meu sogro só sabia de meia dúzia das mil e uma maneiras de cozinhar bacalhau. Mas não era esquisito, estava servido. E, mesmo no Natal, preferia a parte da asa.
Já a minha sogra, que vai a caminho dos 93 e continua sem razões de queixa do apetite, tem um visão mais ampla do universo, outra sabedoria. E defende que a vida é composta por três qualidades. Costuma filosofar, aliás, a esse propósito: - Nem sempre carne e nem sempre peixe. De vez em quando também é preciso comer um bocadinho de bacalhau.
Exactamente. Carne, peixe e bacalhau, as três espécies sobreviventes após a liquidação dos dinossauros. A minha sogra, que nunca na vida deixou o meu sogro ter razão, é que está certa. Este mundo não é só bacalhau. Ainda por cima, ao preço a que ele está.
P.S. - Viva o bacalhau! Viva o Natal!
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