Pardelhas, Fafe. Festa de
São Pedro. A Internet ainda estava no cu dos americanos, parece
impossível mas não havia Facebook nem Twitter, o telemóvel chamava-se
telefone, trabalhava a manivela e só se deslocava da mesinha de
cabeceira para a cama, se o fio deixasse, e o
e-mail chamava-se
telegrama. A comunicação era boca a boca, como a respiração, as redes
sociais iam num pé e vinham noutro. Mandavam-se recados, levavam-se
"repostas" - assim se dizia, e eu gostava, na minha terra. Era ainda a
idade das trevas, posto que com automóveis e motorizadas.
Mas havia
altifalantes, e urgências são urgências. A meio do "Carrapito da Dona
Aurora", que estava a correr tão bem, alguém corta o pio aos do Conjunto
António Mafra, sopra asmaticamente no velho microfone Philips, "um,
dois, um, dois, experiência", e, desassossegando a aldeia inteira, grita
na maior das aflições:
- Atenção, muita atenção! Ó Silva, trazei-me cá o martelo, caralho...
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