Canção verde
A minha canção é verde
Sempre de verde a cantei!
De verde cantei ao povo
E fui de verde vestido
Cantar à mesa do rei!
Porque foi verde o meu canto?
Porque foi verde?
- Não sei...
Verde, verde, verde, verde,
Verde, verde, em vão cantei!
- Lindo moço! disse o povo.
- Verde moço! disse el-rei.
Porque me chamaram verde?
Porque foi? Porquê?
- Não sei...
Tive um amor - triste sina!
Amar é perder alguém...
Desde então ficou mais verde
Tudo em mim: a voz, o olhar,
Cada passo, cada beijo...
E o meu coração também!
Coração! porque és tão verde?
Porque és verde assim também?
Deu-me a vida, além do luto,
Amor à margem da lei...
Amigos são inimigos!
- Paga-me!, gritaram todos.
Só eu de verde fiquei.
Porque fiquei eu de verde?
Porque foi isto?
- Não sei...
A minha canção é verde
- Canção à margem da lei...
Verde, ingénua, verde e moça,
Como a voz desta canção
Que por meu mal vos cantei...
A minha canção é verde,
Verde, verde, verde, verde...
Mas... porque é verde?
- Não sei...
"Pedro, Nome de Poeta", Pedro Homem de Mello
(Pedro Homem de Mello nasceu no dia 6 de Setembro de 1904. Morreu em 1984.)
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