Saudades
Saudades tenho da terra
Dessa terra em que nasci;
Saudades - tenho da vida
Da vida que lá vivi.
Saudades - tenho dos bosques
Desses bosques e florestas,
Onde o gentio dorme as tardes
As horas mornas das sestas.
Saudades - tenho das tardes
- Saudades que trazem prantos
Em que ao longe o Amazonas
Gemia os seus tristes cantos.
Saudades - tenho das brisas
Que ao luar - pelo arvoredo -
Passam tristes soluçando...
E soluçando em segredo...
Saudades tenho das alvas
Das alvas praias d’areia,
Aonde em noite estrelada
Sorrindo brinca a sereia.
Saudades de meus amigos
Meus amigos verdadeiros;
Saudades de meus prazeres
Meus prazeres derradeiros.
Saudades de minhas manas
De minhas manas queridas;
De meus manos com quem tinha
Minhas dores repartidas.
Saudades tenho de tudo
De tudo - como ninguém -
Mas me ferem mais doridas
- De meu pai e minha mãe...
Torquato Tapajós
(Torquato Tapajós nasceu no dia 3 de Dezembro de 1853. Morreu em 1897.)
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