quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Maranhão Sobrinho

Vénus 

Quando o seu corpo à flor das ondas veio,
guirlandado de espumas e sargaços,
de seduções a vaga encheu-lhe o seio
e, de traições, a sirte encheu-lhe os braços...

Por todo o mar houve um supremo anseio,
quase humano de beijos e abraços...
O sol, de luz e de calor mais cheio,
vibrou mais alto, nos azuis espaços!

Algas e espumas, sem querer, tecerem,
juntas, um berço de ideal cambraia
e o seu corpo de aurora receberam!

... Nunca  o mar vira tão celeste flor...
Quando o seu corpo foi beijar a praia
a própria rocha estremeceu de amor!

Maranhão Sobrinho

(Maranhão Sobrinho nasceu no dia 20 de Dezembro de 1879. Morreu em 1915.)

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