Via-Láctea
Abre tua janela que por ela entrará a Via-Láctea.
E se não tiveres uma janela para te debruçares,
Adormece que verás como ela se transformará
Em flores e em pássaros no teu sonho.
Para mim ela é um número incontável de olhos
Que me despem.
Para mim ela é como punhal envenenado
Ou espada de fogo que me trespassa.
Eu não vê-la-ei jamais,
Pois meus olhos já estão cegos para a visão,
Porque meus olhos são duas tristes paisagens
Na moldura ridícula de meu rosto.
Deolindo Tavares
(Deolindo Tavares nasceu no dia 21 de Dezembro de 1918. Morreu em 1942.)
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