Germinal 
Passou. A vida é assim: é o temporal que chega,
 Ruge, esbraveja e passa, ecoando, serra a serra,
 No furioso raivar da indômita refrega
 Que as montanhas abala e os troncos desenterra.
Mas o pranto, afinal, que essa cólera encerra
 Tomba: é a chuva que cai e que a planície rega;
 E a cada gota, ali, cada gérmen se apega
 Fecundando, a minar, toda a alagada terra.
Também o coração do convulsivo aperto
 Da dor e das paixões, das angústias supremas,
 Sente-se livre, após, a um grande choro aberto.
Alma! já que não é mister que ansiosa gemas,
 Alma! fecunda enfim nas lágrimas que verto,
 Possas tu germinar e florescer em Poemas!
"Poemas da Morte", Emílio de Meneses
(Emílio de Meneses nasceu no dia 4 de Julho de 1866. Morreu em 1918.) 
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