Tua nudez vestia de manhãs os pássaros
Minhas mãos, rudes pastores
ávidas percorrem as suavíssimas colinas
de tuas ancas.
Como fremes! Águas inquietas
teu corpo ondeias e o louro tufo,
pondo olores de jardins em meu rosto
se alteia como o peito das gaivotas.
Tuas coxas abrem-se, vibram, e a tua carne
que penetro
me cinge com cílicios e flamas.
Canções e sedas se rompem.
Quase desmaias, com ternura e ânsia
cravas o luar dos dentes em meus ombros.
Sangras. Sangra a madrugada que nos
encontra enlaçados.
Embriagada pela manhã a terra se embebe
no esperma do sol. E meu aljôfar escorre
dentro de ti.
E arfo e grito - amor!
Estrelas nasceram em teus olhos e ao morrerem,
em breve,
deixarão sons de violetas em tuas pálpebras.
Silêncio. Silêncio de asas que pousaram.
Nossas pupilas, flores que caem, se apagam.
Milton de Godoy Campos
(Milton de Godoy Campos nasceu no dia 17 de Julho de 1927.)
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