sexta-feira, 21 de julho de 2017

Azevedo Cruz

Sem rumo


Nesta barquinha audaz e temerária,
que a fantasia nômade carrega
pelos mares em fora, entregue à vária
sorte, a minhalma célere navega.

Ferra o velame a viração contrária...
As brancas velas túmidas desprega;
e acompanhada pela procelária
foge, no azul, completamente cega.

Corta do mar a superfície vasta;
o vento agita o seu velame roto,
e em convulsões no pélago se arrasta.

Mas vai por diante a gôndola veleira...
e, enquanto o teu amor for meu piloto,
a melhor vida é a vida aventureira.

"Sonho", Azevedo Cruz

(Azevedo Cruz nasceu no dia 22 de Julho de 1870. Morreu em 1905.)

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