segunda-feira, 3 de julho de 2017

Emílio de Meneses 3

Germinal

Passou. A vida é assim: é o temporal que chega,
Ruge, esbraveja e passa, ecoando, serra a serra,
No furioso raivar da indômita refrega
Que as montanhas abala e os troncos desenterra.


Mas o pranto, afinal, que essa cólera encerra
Tomba: é a chuva que cai e que a planície rega;
E a cada gota, ali, cada gérmen se apega
Fecundando, a minar, toda a alagada terra.


Também o coração do convulsivo aperto
Da dor e das paixões, das angústias supremas,
Sente-se livre, após, a um grande choro aberto.


Alma! já que não é mister que ansiosa gemas,
Alma! fecunda enfim nas lágrimas que verto,
Possas tu germinar e florescer em Poemas!


"Poemas da Morte", Emílio de Meneses

(Emílio de Meneses nasceu no dia 4 de Julho de 1866. Morreu em 1918.)

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