Mas a Revolução existiu e existe.
Quando se fizer a História deste tempo - que se chama (e chamará) o da Revolução de Abril, é preciso que o fel, a bílis, o ódio e o veneno de cada um dos
caluniadores, legião múltipla de lazarentos morais e políticos, não
colha o fruto da sua peçonha.
Ao verem o "perigo" de Portugal vir a ser a terra de todos, eles refugiaram-se nos seus castelinhos de intriga mais ou menos inteligente. E puseram as suas línguas de víbora a minar.
Mordedura aqui, malabarismo além, lá foram conspirando. Não é hoje
difícil vermos como muitos desses avejões convenceram amplos sectores de
gente de que Vasco Gonçalves representava o fim da Democracia, o ocaso da liberdade cívica, um pacto satânico com as potências do mal.
É sabido que Vasco Gonçalves
se mantém indiferente às vis acusações das falsas máculas que os
garanhões da burguesia capitalista lhe atribuem. Por mais de uma vez não
perdeu o Companheiro General a decisão de afirmar essa soberana
indiferença. Mas fê-lo sempre sem qualquer acrimónia da sua parte.
Numa dessas últimas vezes, falava assim - em entrevista concedida pouco depois da demissão do V Governo Provisório:
"Os meus inimigos polarizaram os ataques contra mim: é
mais fácil perante um povo que não está politicamente instruído.
Concretizaram os ataques numa só pessoa, contra quem lançaram as maiores
injúrias e mentiras - o que demonstra a qualidade de certos dirigentes
do PS. Eu disse que não responderia a essas injúrias, nem a essas
calúnias. Não sou um político, sou um militar que tem ideias muito
precisas sobre a vida da sua Pátria. E por isso não separa a política da
moral. Para mim, política e moral andam a par."
"Vasco Gonçalves - Perfil de Um Homem", Fernando Luso Soares
(Fernando Luso Soares nasceu no dia 2 de Março de 1924. Morreu em 2004.)
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