A minha amante
Dizem que eu tenho amores contigo!
Deixa-os dizer!…
Eles sabem lá o que há de sublime
nos meus sonhos de prazer…
De madrugada, logo ao despertar,
há quem me tenha ouvido gritar
pelo teu nome…
Dizem - e eu não protesto -
que seja qual for
o meu aspecto
tu estás
na minha fisionomia
e no meu gesto!
Dizem que eu me embriago toda em cores
para te esquecer…
E que de noite pelos corredores,
quando vou passando para te ir buscar,
levo risos de louca no olhar!
Não entendem dos meus amores contigo -
não entendem deste luar de beijos…
- Há quem lhe chame a tara perversa
dum ser destrambelhado e sensual!
Chamam-te o génio do mal -
o meu castigo…
E eu em sombras alheio-me dispersa…
E ninguém sabe que é de ti que eu vivo…
Que és tu que doiras ainda
o meu castelo em ruína…
Que fazes da hora má a hora linda
Dos meus sonhos voluptuosos -
Não faltes aos meus apelos dolorosos
- Adormenta esta dor que me domina!
"Poesia e Prosa", Judith Teixeira
(Judith Teixeira nasceu no dia 25 de Janeiro de 1880. Morreu em 1959.)
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