quinta-feira, 5 de maio de 2016

Campos de Figueiredo 2

O milagre das rosas

Trazia oiro aos pobres… dava estrelas
Que no jardim azul do céu colhera,
Mas quando El-Rei Dinis desejou vê-las,
Floriu no seu regaço a Primavera.


- "Vede, são rosas brancas, fui colhê-las
Para os gafos, Senhor! Julgáveis que era
Dinheiro em vez de flores? A Deus prouvera
Que em oiro e pão pudesse convertê-las!"


Repete-se o milagre, eternamente:
Caem do céu, às horas do poente,
Rosas de oiro, vermelhas, a sangrar…


E, à noite, é Ela sempre que, na treva,
sobre a linda cidade medieva,
desfolha rosas brancas, ao luar!


"Poemas do Instante e do Eterno", Campos de Figueiredo

(Campos de Figueiredo nasceu no dia 6 de Maio de 1899. Morreu em 1965.)

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