O milagre das rosas
Trazia oiro aos pobres… dava estrelas
Que no jardim azul do céu colhera,
Mas quando El-Rei Dinis desejou vê-las,
Floriu no seu regaço a Primavera.
- "Vede, são rosas brancas, fui colhê-las
Para os gafos, Senhor! Julgáveis que era
Dinheiro em vez de flores? A Deus prouvera
Que em oiro e pão pudesse convertê-las!"
Repete-se o milagre, eternamente:
Caem do céu, às horas do poente,
Rosas de oiro, vermelhas, a sangrar…
E, à noite, é Ela sempre que, na treva,
sobre a linda cidade medieva,
desfolha rosas brancas, ao luar!
"Poemas do Instante e do Eterno", Campos de Figueiredo
(Campos de Figueiredo nasceu no dia 6 de Maio de 1899. Morreu em 1965.)
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