Numa espectacular operação de apenas três dias - quarta, quinta e sexta-feira -, unidades especiais da nossa GNR e da Guardia Civil espanhola conseguiram "deter um grupo de seis terroristas que praticava o tráfico de armamento, operando nos dois lados da fronteira, estando estes homens a preparar uma acção terrorista na zona de Lisboa", segundo fontes oficiais. Tinha de ser em Lisboa, é preciso defender Lisboa.
Mas era a mangar. Era um faz-de-conta, um exercício transfronteiço, como se diz, programado, com guião, e os terroristas não eram a sério. Os terroristas, que também eram da GNR e da Guardia Civil, suponho, tinham um papel a cumprir e cumpriram: depois de meia dúzia de tiros de pólvora seca, entregaram-se aos bons ou morreram de enfarte, isso ainda não percebi bem.
Eu sempre gostei de simulacros. Desde pequenino. Primeiro dos simulacros dos Bombeiros de Fafe, na fachada do Club Fafense, depois dos simulacros da Protecção Civil, que são sempre uma enorme confusão e uma inesgotável poça de sangue, e agora também gosto dos simulacros das chamadas "operações especiais". Porque nos simulacros, na hora do balanço, correu sempre tudo bem. O sucesso do simulacro dá na televisão e ficamos todos muito mais descansados e seguros, incluindo os verdadeiros terroristas, que assim, um dia que se resolvam, já sabem como se devem precatar.
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