Gosto destes filmes e destas séries da moda que contam o fim do mundo, os diversos modelos de fim do mundo, e a luta heróica e espectacular dos sobreviventes. Bombas atómicas, holocausto nuclear, invasões marcianas, asteróides desgovernados, pandemias assassinas, ataques de mortos-vivos, revolta dos macacos e outras claques, aquecimento global, acentuado arrefecimento nocturno, maternidades encerradas, urgências desaparecidas, caos no serviço nacional de saúde, catástrofes de proporções bíblicas, apocalípticas, deuteronómicas, cenários dantescos, destruições épicas, brutais, a estrada da morte, o teatro de operações, o dispositivo no terreno, os meios aéreos e os aéreos inteiros, a cinza, a lava, a escuridão, a luz, a asfixia, o nada, o silêncio, o-drama-a-tragédia-o-horror. O planeta desaparece e, no seu regenerador desaparecimento, traz à tona os melhores dos melhores de todos nós, americanos por certo. O pai-herói, a mãe-coragem, o bebé-milagre, o Sepúlveda Taberneiro, de quem ninguém sabia há mais de quarenta anos, desde que pôs os cornos à mulher no Sabugal e fugiu com a espanhola da casa de alterne. Para a América, Kansas City, Missouri. Dão bons títulos nos jornais.
Estes filmes fazem-me acreditar na redenção da humanidade. Os sobreviventes são a esperança num futuro melhor. Isto por um lado. Por outro: mas qual futuro e quais sobreviventes? Se o mundo acabou, como é que há sobreviventes?
P.S. - Hoje é Dia Internacional do Pânico.
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