sábado, 1 de junho de 2024

Eu voto no Tomás!

Foto Hernâni Von Doellinger

Volta a colocar-se a velha questão: quem é o indivíduo sem óculos ao lado do Tomás? E, sem mais delongas, eu passo a esclarecer: o indivíduo sem óculos aos lado do Tomás é o Rocha. O Rocha da IL, isto é, Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal e que, ainda assim, quase ninguém sabe quem é, porque uma coisa é o país que dá na televisão, o país dos políticos e dos desastres, e outra, muito diferente, o país das pessoas, o povo, o país de carne e osso, ou melhor dizendo, o país de pele e osso.
Quanto ao Tomás, Tomás Capela, Sr. Tomás para mim e para a minha mulher, é um dos principais ex-líbris da vila de Caminha, toda a gente sabe, um ícone, património a preservar, um monumento vivo em plena esplanada do Terreiro, príncipe do gin-tónico e duque do rissol de camarão, folha de rosto e alma do famoso Café Central, ele e o sócio, Alexandre, aliás Alexandre Fernandes, para nós respeitosamente Sr. Alexandre, o homem da casa das máquinas e dos sete instrumentos. E um amigo também.
A esplanada do Central é há muitos anos o meu Shangri-La de fim-de-semana e, tirante eu, um sítio de alta frequência em Caminha. Para além dos cagões anónimos do Porto, sobretudo da Foz, gente fina que por ali dispõe de segunda ou terceira casa, casas de férias, como se a Foz não prestasse, tipos como Durão Barroso, Santos Silva ou Teixeira dos Santos já por aqui romperam cadeiras, figuras nacionais das artes e dos negócios e outros cabeçudos, muitos e diversos, de que já nem me lembro das caras nem dos nomes, tudo pessoal importante e requintado, de primeira, e parece que só eu e a minha mulher é que destoamos, tesos mas compostinhos, e sem contas por pagar.
E foi por Caminha e pelo Terreiro que a IL andou em campanha na manhã da passada quinta-feira, feriado do Corpo de Deus, não sem antes deixar em Matosinhos, junto à Anémona, em cima do passeio, um velho autocarro publicitário a marcar lugar para as actividades da tarde. E o autocarro, ali plantado a coberto da noite, roubou o posto de trabalho aos dois profissionais liberais que costumam montar banca todos os dias naquele exacto local, o vendedor de óculos de sol e o vendedor de toalhas, bolas, brinquedos e outras bugigangas de praia. Ficaram ambos com os tarecos debaixo do braço e o protesto na ponta da língua, sem saber o que fazer à vida e às trezentas sacas esbordantes de tralha, a olhar para a merda do autocarro e a encher de nomes feios o senhor de barbas que tinha lá o retrato colado e que se chama Cotrim.
Cotrim de Figueiredo fez muito bem campanha em Caminha. Para os jornalistas, sobretudo para as câmara das televisões, que para isso é que se fazem as campanhas eleitorais. Para os jornalistas. Embora os jornalistas, regra geral, não saibam. E sei muito bem do que falo. Cotrim de Figueiredo lá ia de plano em plano, como se a rua fosse uma sucessão de plateaux, dizendo coisas importantíssimas e definitivas para o país e para o mundo, isto é, para os jornalistas, nanja para o povo, que nem o vi, e Rui Rocha quase sempre ao largo, certamente para não roubar protagonismo ao seu cabeça de lista. Rui Rocha, aliás, como se pôde comprovar numa das mesas da esplanada do Café Central, e apenas numa, é um extraordinário caso de popularidade junto de familiares e amigos.
Pronto, foi assim a quinta da IL. E o meu encontro involuntário, e espero que único, com a campanha eleitoral. Amanhã lá vou votar, por antecipação, como de costume. E já está decidido: eu voto no Tomás!

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