Mas as tias entravam, sonolentas daquele longo terço no oratório. O Albuquerquezinho despertou, acamou com furor as suas repas, e erguendo-se, disse em redor com satisfação:
- Pois senhoras, passou-se o bocadito da noite.
Deram então um castiçal a Artur, com recomendações infinitas: que apagasse a luz antes de adormecer, que não deixasse os fósforos espalhados por causa dos ratos...
- Eu estou lá ao pé, eu estou lá ao pé - disse o Albuquerque. - Eu lá vigiarei. E se o amigo quiser alguma coisa, é bater na parede! Vamos, boas noites!
E subiram para o corredor, o Albuquerquezinho, adiante, devagar, bocejando, puxando-se pelo corrimão.
- Pois amigo - disse - não há nada melhor do que uma sonecazinha, depois das torradas. Que elas hoje estavam más; mas, enfim, foi dia de hóspede. O que o amigo deve vir, é cansado. Três horas de diligência... Oiça lá, as conveniências são ao fundo do corredor.
"A Capital", Eça de Queirós
(Eça de Queirós nasceu no dia 25 de Novembro de 1845. Morreu em 1900.)
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