Foto Hernâni Von Doellinger |
Esta apetência pelo social justificará a criação dos vários clubes ingleses. Os de golfe, em Espinho e Armamar, de que posteriormente se desligaram, e o Oporto Cricket & Lawn Tennis Club, estabelecido no Campo Alegre, sendo este o descendente final de uma sucessão de fusões iniciada em 1855 e que inclui, correndo o risco de errar por omissão, os desaparecidos Oporto British Club, então na Rua das Virtudes, o Oporto Cricket and Quoites Club, o Candal Lawn Tennis Club, The Vila Nova Lawn Tennis & Croquet Club, possivelmente entre outros.
Fundado no original exclusivamente para patrícios, o Clube Inglês tem hoje 514 sócios de 24 nacionalidades, com os portugueses em igualdade numérica com os britânicos, mas ainda e sempre sem direito a voto. Um dos mais antigos e assíduos frequentadores do clube é o cidadão britânico nascido em Portugal Gwyn Jennings, de 71 anos, investido em guardião da memória colectiva.
Mostra documentos e fotos, conta do primeiro jogo de críquete, em 1898, e as "tareias" que levavam cada vez que os cavalheiros do club defrontavam equipas de marinheiros compatriotas de passagem pelo Porto. Conta do campo relvado mais a sul da Europa, dos primeiros campos de ténis, dos confrontos com Lisboa, dos matches, dos sporstmen e, claro, do football.
Jennings conta de como o association foi afinal trazido primeiro para o Porto, e não para Lisboa, pela mão (quem sabe se pelo pé) de Carlos Chambers, que, para os lados de Matosinhos, em terrenos hoje ocupados pela Eduardo & Ferreirinha, desbravou o primeiro rectângulo de jogo, outra vez lavrado à noite pela revolta ignorante e inocente dos caseiros residentes. Conta do - atenção, muita atenção! - emblema do Leixões, como uma raqueta de ténis e um bastão de críquete. Conta do Boavista, criado pelos empregados da têxtil Graham. Conta enfim de Norman Hall, com fotos a atestar, intransponível back da equipa do primeiro título nacional ganho pelo FC Porto, na época de 1921-1922.
P.S. - Quinta parte de um trabalho que escrevi para a edição de Junho de 1992 da revista Grande Reportagem, então dirigida por Miguel Sousa Tavares. Lembrei-me dele a propósito de uma recente reportagem do jornalista David Mandim no DN Life.
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