segunda-feira, 3 de julho de 2017

António Dinis da Cruz e Silva

Que aziago que foi, que dia infausto
Aquele em que vi tua formosura!
Em que, cheio de amor e de ternura,
Esta alma te ofertei em holocausto!

Teus olhos mo fizeram ter por fausto,
Teus belos olhos cheios de doçura,
Mas logo me fez ver minha loucura
Teu peito de rigores nunca exausto.

Ai! e quão mesquinho é, quão desgraçado
Aquele que como as mostras vão se engana
De um angélico rosto sossegado!


Pois mil vezes encobre a vista humana
Qual áspide cruel florido prado,
Um coração uma alma desumana.


António Dinis da Cruz e Silva

(António Dinis da Cruz e Silva nasceu no dia 4 de Julho de 1731. Morreu em 1799.)

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