O bambu
Exposto ao dia, à noite, à beira da lagoa,
Onde se miram, rindo, as boninas do prado,
Vive um velho bambu, velho, curso e delgado,
A escutar a canção que o triste vento entoa...
Jamais os leves pés de um trovador alado,
Desses que pela mata andam cantando à toa,
Pousara-lhe num ramo! Apenas o povoa
Alta noite, agourento, um corujão rajado...
E vive - arcaico monge a gemer solitário -
A sua dor sem fim, o seu viver mortuário,
Tristonho a refletir no fundo azul das águas...
Como bambu da mata, exposto ao sol e ao vento,
Do deserto sem fim de meu padecimento,
Triste nos olhos teus reflito as minhas mágoas!...
"Alexandrinos", Alcides Freitas
(Alcides Freitas nasceu no dia 4 de Junho de 1890. Morreu em 1912.)
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