sexta-feira, 10 de março de 2017

José de Mesquita 3

Prelúdio
 
Eu imagino uma mulher
que eu heide amar e me há de amar,
e que eu, esteja onde estiver,
a todo tempo, hei de encontrar.


À força já de imaginá-la
sinto-a real diante de mim:
vejo-lhe o riso, ouço-lhe a fala...
Já se viu caso extranho assim?

 
Constantemente eu imagino
a hora ditosa dela vir
e, entanto, o meu cruel destino
não ma fez inda descobrir.

 
Em quantas outras julguei dela
ver as feições e me enganei!
Nenhuma era tão meiga e bela
Como essa que eu imaginei!


Às vezes cuido vê-la andando
nas ruas, entre a multidão,
e vivo sempre me enganando
nessa dulcíssima ilusão.


"Poesias - do Amor, da Natureza, do Sonho, da Arte", José de Mesquita

(José de Mesquita nasceu no dia 10 de Março de 1892. Morreu em 1961.)

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