domingo, 5 de março de 2017

As 10 caras mais emblemáticas da RTP (2)

Carlos Cruz, Júlio Isidro, Fernando Pessa, Maria Elisa, Fialho Gouveia, José Rodrigues dos Santos, Raul Solnado, Judite de Sousa, José Hermano Saraiva e Vitorino Nemésio. Há dez anos, quando a RTP e os portugueses celebravam as suas bodas de ouro, estas foram consideradas "as 10 caras mais emblemáticas da RTP", numa espécie que ranking que me mandaram fazer para a revista do jornal 24horas. A escolha não foi minha - quem era (sou) eu para tanto? -, limitei-me a coligir opiniões eventualmente entendidas.
Os eleitos: personalidades da informação à comédia, da cultura ao entretenimento. Os rostos de quem verdadeiramente fez história em Portugal, sendo-nos de casa, gente das nossas vidas, desde os tempos a preto e branco. E não sei se hoje, nos 60 anos da televisão pública e tão a cores, a selecção poderia ser diferente...
Ontem contámos com a participação de Carlos Cruz, Júlio Isidro e Fernando Pessa. O programa de hoje também promete.

Foto CAPAZES
Maria Elisa
Situemo-nos em Março de 2007. Eu escrevia, para os mais distraídos ou novos: Atenção! Maria Elisa não chegou agora à RTP, novinha em folha para apresentar Os Grandes Portugueses. Não. Ela é uma jornalista da velha-guarda que apenas está de regresso a uma casa que bem conhece e onde se deu a conhecer ao grande público.
Profissional desde 1974, Maria Elisa apresentou espaços informativos como o Telejornail, Em Questão, Rosto da Notícia, Marcha do Tempo, Entrevista de Maria Elisa, Prova Oral e o talk show Maria Elisa. Foi a primeira mulher na Europa a ser directora de programas de uma televisão, exactamente a RTP, em 1981, e voltou a ser chamada para o cargo em 1998.
Aos 56 anos, após cinco de ausência, Elisa estava de volta à televisão pública num género de programa que pretendia misturar a informação com o entretenimento. Pelo meio, a jornalista experimentou uma curta carreira parlamentar (eleita pelo PSD) e ocupou o cargo de conselheira cultural da Embaixada de Portugal em Londres. Isto muito depois de ter sido porta-voz do Governo de Maria de Lurdes Pintasilgo e de ter dirigido a revista Marie Claire.

Foto ENCICLOPÉDIA DE CROMOS
Fialho Gouveia
Um dos três mosqueteiros do revolucionário Zip Zip, o primeiro talk show produzido pela televisão portuguesa, ao lado de Raul Solnado e Carlos Cruz.
Comunicador durante mais de 30 anos na RTP, Fialho Gouveia apresentou telejornais e vários programas de entretenimento, como a Visita da Cornélia, O Gesto É tudo, E o Restos São Cantigas, A Prata da Casa, Vamos Caçar Mentiras, Com Pés e Cabeça, Arca de Noé, Entre Famílias e Par ou Ímpar. Era o pivô de serviço, com Fernando Balsinha, no 25 de Abril de 1974.
Fialho apresentou também, durante anos, o Festival da Canção e os Jogos Sem Fronteiras. Morreu em 2004, como 69 anos.
Foi "a primeira pessoa" que Tozé Martinho viu na televisão, "logo a seguir à inauguração da RTP". "Era um homem impecável e que os portugueses têm na memória, pela sua trajectória exemplar, mas também pelo timbre da sua voz", disse-me o actor e escritor de novelas. Exactamente, a voz, ainda a ouço...

Foto LUX
José Rodrigues dos Santos
Edson Athayde dizia-me que "quem olha para a cara de José Rodrigues dos Santos... pensa logo na RTP". O pivô do principal telejornal da televisão pública gostou de ouvir o elogio, que lhe contei. E explicou-me a "grande honra" que sentia por figurar entre "os principais rostos de toda a história" da estação, "sobretudo se considerarmos a riqueza dos valores" que por lá passaram.
Rodrigues dos Santos trabalhava ainda na BBC, em Londres, quando começou a colaborar com a RTP, em 1988. A partir de 1990, de regresso a Portugal, foi repórter do telejornal e apresentador do noticiário 24 Horas. Estreou-se como pivô do telejornal em 1991 e foi duas vezes director de informação da televisão pública.
Aos 43 anos, o jornalista ainda não escritor admitia que a sua "rampa de lançamento" foi a cobertura da Guerra do Golfo, em que chegou a protagonizar uma maratona televisiva de cerca de dez horas, mas prefere pensar que "o mais importante" na sua carreira fora "ter sempre agido em consciência e lutado pela independência da informação na RTP, mesmo em situações de grave prejuízo pessoal e profissional".

(Amanhã, terceiro e último episódio)

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