Os eleitos: personalidades da informação à comédia, da cultura ao entretenimento. Os rostos de quem verdadeiramente fez história em Portugal, sendo-nos de casa, gente das nossas vidas, desde os tempos a preto e branco. E não sei se hoje, nos 60 anos da televisão pública e tão a cores, a selecção poderia ser diferente...
Ontem contámos com a participação de Carlos Cruz, Júlio Isidro e Fernando Pessa. O programa de hoje também promete.
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Foto CAPAZES |
Situemo-nos em Março de 2007. Eu escrevia, para os mais distraídos ou novos: Atenção! Maria Elisa não chegou agora à RTP, novinha em folha para apresentar Os Grandes Portugueses. Não. Ela é uma jornalista da velha-guarda que apenas está de regresso a uma casa que bem conhece e onde se deu a conhecer ao grande público.
Profissional desde 1974, Maria Elisa apresentou espaços informativos como o Telejornail, Em Questão, Rosto da Notícia, Marcha do Tempo, Entrevista de Maria Elisa, Prova Oral e o talk show Maria Elisa. Foi a primeira mulher na Europa a ser directora de programas de uma televisão, exactamente a RTP, em 1981, e voltou a ser chamada para o cargo em 1998.
Aos 56 anos, após cinco de ausência, Elisa estava de volta à televisão pública num género de programa que pretendia misturar a informação com o entretenimento. Pelo meio, a jornalista experimentou uma curta carreira parlamentar (eleita pelo PSD) e ocupou o cargo de conselheira cultural da Embaixada de Portugal em Londres. Isto muito depois de ter sido porta-voz do Governo de Maria de Lurdes Pintasilgo e de ter dirigido a revista Marie Claire.
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Foto ENCICLOPÉDIA DE CROMOS |
Um dos três mosqueteiros do revolucionário Zip Zip, o primeiro talk show produzido pela televisão portuguesa, ao lado de Raul Solnado e Carlos Cruz.
Comunicador durante mais de 30 anos na RTP, Fialho Gouveia apresentou telejornais e vários programas de entretenimento, como a Visita da Cornélia, O Gesto É tudo, E o Restos São Cantigas, A Prata da Casa, Vamos Caçar Mentiras, Com Pés e Cabeça, Arca de Noé, Entre Famílias e Par ou Ímpar. Era o pivô de serviço, com Fernando Balsinha, no 25 de Abril de 1974.
Fialho apresentou também, durante anos, o Festival da Canção e os Jogos Sem Fronteiras. Morreu em 2004, como 69 anos.
Foi "a primeira pessoa" que Tozé Martinho viu na televisão, "logo a seguir à inauguração da RTP". "Era um homem impecável e que os portugueses têm na memória, pela sua trajectória exemplar, mas também pelo timbre da sua voz", disse-me o actor e escritor de novelas. Exactamente, a voz, ainda a ouço...
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Foto LUX |
Edson Athayde dizia-me que "quem olha para a cara de José Rodrigues dos Santos... pensa logo na RTP". O pivô do principal telejornal da televisão pública gostou de ouvir o elogio, que lhe contei. E explicou-me a "grande honra" que sentia por figurar entre "os principais rostos de toda a história" da estação, "sobretudo se considerarmos a riqueza dos valores" que por lá passaram.
Rodrigues dos Santos trabalhava ainda na BBC, em Londres, quando começou a colaborar com a RTP, em 1988. A partir de 1990, de regresso a Portugal, foi repórter do telejornal e apresentador do noticiário 24 Horas. Estreou-se como pivô do telejornal em 1991 e foi duas vezes director de informação da televisão pública.
Aos 43 anos, o jornalista ainda não escritor admitia que a sua "rampa de lançamento" foi a cobertura da Guerra do Golfo, em que chegou a protagonizar uma maratona televisiva de cerca de dez horas, mas prefere pensar que "o mais importante" na sua carreira fora "ter sempre agido em consciência e lutado pela independência da informação na RTP, mesmo em situações de grave prejuízo pessoal e profissional".
(Amanhã, terceiro e último episódio)
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