Minha alegria foi no teu caixão;
Deitou-se ao pé de ti, na sepultura,
A fim de acalentar teu coração
E tornar-te mais branda a terra dura.
Por isso, é para mim consolação
Esta sombria dor que me tortura!
E ponho-me a cantar na solidão
Meu cântico esculpido em noite escura!
Consola-me saber minha alegria
Longe de mim, perto de ti, na fria
Cova a que tu baixaste após a morte.
Foste tu que ma deste, meu amor;
Agora, dou-ta eu: é a minha flor;
Eu quero que ela sofra a tua sorte.
"Elegias", Teixeira de Pascoaes
(Teixeira de Pascoaes nasceu no dia 8 de Novembro de 1877. Morreu em 1952.)
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