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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Turismo de carregar pela boca

A perna extra
"Fiambre da perna extra", como diz a etiqueta do produto, faz lembrar a "quinta pata do cavalo". O que, convenhamos, é desagradável.

Nos preguiçosos semáforos do frequentadíssimo cruzamento de Valença, na Estrada Nacional 13, como quem vai mas não vai para a estação da CP, dois indivíduos vestidos à empregado de mesa distribuem panfletos aos ocupantes dos carros que param desprecatados e de vidros abertos. À empregado de mesa, quero dizer, com sapatos desengraxados, calças pretas sebosas e camisas que parece que já foram brancas. São propagandistas, angariadores, embora não aparentem. Serão talvez empregados de mesa, mas em comissão de serviço. Serviço externo. Os panfletos com letras azuis e tamanhos desaparelhados fazem reclame a um restaurante, a uma churrasqueira, ou mais concretamente a um "asador", como lá diz em título garrafal, e justamente "asador" à espanhola ainda que o estabelecimento se localize em pleno território nacional, a largos três quilómetros da antiga fronteira com Tui e "com amplo parque de estacionamento", mas é assim que as coisas são. E uma coisa desta categoria e dimensão haveria de ter dado imenso jeito no tempo em que o meu avô da Bomba organizava sensacionais excursões fafenses ao Alto Minho, dois-dias-dois, e se fosse a Fátima eram três, porque Portugal era realmente muito longe de si mesmo.
Duas das principais especialidades da casa, do tal "asador", são o "pollo na brasa" e a "costilla de cerdo". Para além dos mais emblemáticos pratos da cozinha tradicional portuguesa, do cozido e da picanha aos diversos bacalhaus e pescada cozida com todos, passando pelo cabrito, pelo leitão, pela vitela, pelo arroz de tamboril e pelo polvo, e com capacidade para 400 - sim, quatrocentas - pessoas, há também "francezinhas, pizzas e hamburguers". É a promessa de todo um mundo, posto que regional e com ar condicionado. A quem aceitar o papelinho no cruzamento e se apresentar com ele na mão, o imenso restaurante diz que regala "una botella de viño para levar p/ casa".
Enquanto isso, duas da tarde, o sol a pique nos semáforos do cruzamento cosmopolita. Um dos dois emissários do "asador" farto, generoso, climatizado, bilingue e extraordinário, numa palavra, pantagruélico, um dos dois desgraçados, por acaso o mais velho, abre um pequeno saco se papel castanho que trazia no bolso das calças e rapa de um lanche já encetado. Dá uma, duas dentadas e volta a guardar a sande pré-fabricada e dura no saco gorduroso e nas calças sebentas. Limpa a boca com as costas da mão, sacode as migalhas da camisa suada e continua a distribuir papéis. Assim, a seco.

P.S. - Versão revista e aumentada, publicada no meu blogue Mistérios de Fafe. Hoje é Dia da Junk Food.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Não venhas cedo

Atenção! Hoje, 2 de Junho, é Dia de Sair Mais Cedo do Trabalho. O que, sendo hoje segunda-feira, está mal, aliás bastante mal, como toda a gente sabe. Hoje devia ser Dia de Entrar Mais Tarde no Trabalho.

P.S. - Hoje é Dia de Sair Mais Cedo do Trabalho.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O algodão não engana

Foto Tarrenego!

A memória é tramada. Hoje é Dia Mundial do Algodão. E também é Dia Mundial do Trabalho Digno. O algodão, esse símbolo branco da escravatura negra, passava quase todos os dias por mim, em fardos, em camiões, a caminho da Fábrica do Ferro, Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe, onde depois havia milhares de operários a trabalhar, entre os quais o meu pai e a minha irmã, e variados chefes a roubar - deu no que deu. Ia daqui de Matosinhos, o algodão, do Porto de Leixões, agora mesmo à beirinha de onde moro com vista para o mar se me puser de lado. Quer-se dizer: por mais voltas que a vida dê, estamos sempre no mesmo.

domingo, 2 de junho de 2024

Há dias assim

Atenção! Hoje, 2 de Junho, é Dia de Sair Mais Cedo do Trabalho. O que, sendo domingo, também não está nada mal.

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Trabalhador de 72 anos...

Vejo nas notícias sobre a minha terra que um trabalhador de 72 anos morreu "em acidente de trabalho", numa obra. "Um cilindro que capotou e o trabalhador ficou por baixo", explicou ao JN o comandante dos Bombeiros de Fafe. Um trabalhador de 72 anos. Nas obras. Mas que raio de país somos?...

sexta-feira, 16 de junho de 2023

As mulheres de Pedro Arroja

Passa das nove e um quarto. Quatro mulheres esperam junto aos portões fechados do palacete-escritório de Pedro Arroja no número 282 da Avenida de Montevideu, na Foz selecta, Porto rico com vista para o mar. Quatro mulheres evidentemente trabalhadoras. Espanto-me. Penso. Não pode ser, não acredito que o Sr. Arroja tenha mulheres ao seu serviço. A escangalharem o quê?, as mulheres. Na empresa do Sr. Arroja até as senhoras da limpeza devem ser homens, tenho a certeza. Continuo a pensar. As mulheres enganaram-se, foi o que foi, e logo as quatro, porque quando as mulheres se ajuntam ainda é pior, desnorteiam-se. Perderam-se, é o mais certo. Querem entrar noutro palacete qualquer, uns números à frente ou atrás, mas não sabem. Bem o observara o Sr. Arroja, famoso economista e comentador televisivo: as mulheres padecem deveras dessa idiossincrasia tão incorrigivelmente feminil que é a total ausência de sentido de orientação. Não têm tino, as mulheres. Pois se não têm pénis nem testículos, como poderiam?...

P.S. - Há quem diga que 16 de Junho é Dia Internacional do Trabalhador Doméstico.

domingo, 1 de maio de 2022

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ideia genial: os pobres que paguem a crise

Portanto, feitas as contas, os trabalhadores e pensionistas vão pagar 70 por cento do défice. Acho justo. E é uma receita de génio. Bem empregue o dinheiro que o País gastou com a educação cara de Vítor Gaspar.

sábado, 12 de novembro de 2011

O sequestro

Foi há 36 anos. Uma manifestação dos trabalhadores da construção civil convocada pela CGTP, e com o então poderosíssimo PCP na régie, cercou o Palácio de São Bento e sequestrou a Assembleia Constituinte e o Governo, que também estava em casa. Dois dias! Quem se lembra do primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo? "Estou farto de brincadeiras, ok? De brincadeiras, hã! Fui sequestrado, já duas vezes. Já chega! Não gosto de ser sequestrado! É uma coisa que me chateia, pá"... E depois foi almoçar.
E os moinas que lá estão agora, gostarão? Gostarão de brincadeiras? Ou ficariam chateados? Ou o que querem é almoçar?