Sei que tenho o melhor
serviço nacional de saúde do mundo. Dou-lhe uso em último caso, mas
frequento-o de olhos abertos e coração grato. Querem saber o que é o
nosso Serviço Nacional de Saúde? Não são taxas moderadoras e isenções. São exactamente as
pessoas: os auxiliares, os médicos e os enfermeiros, que todos os dias
trabalham no arame e sem rede, que já lhes tiraram há muito, e fazem "funcionar" uma coisa que na verdade já nem existe, ou, se quisermos ser
bondosos, vai morrendo aos bocadinhos.
A passada quarta-feira deveria ter servido para assinalar o Dia Global da Dignidade. Não sei se serviu nem sei se assinalou, mas lembrou-me o textinho acima, que publiquei originalmente no dia 17 de Abril de 2014. Já se
morria nas urgências - eu vi -, e mais não havia pandemia, nem "epidemia de gripe",
nem "surto gripal", nem o "caos" com aspas com que os políticos gostam
tanto de jigajogar. (Os políticos e os jornalistas pelam-se por brincar
às escondidas atrás das aspas.) Era apenas o caos normal, o caos do
dia-a-dia numa Urgência de carne e osso - em exibição num hospital perto de si.
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