Foto Hernâni Von Doellinger |
Passou-se uma semana e a lojinha encerrou de vez: veio uma carrinha limpar as escanzeladas prateleiras, três sacos de plástico bastaram e lá se foi mais um posto de trabalho, por assim dizer, que é o que a mim me importa. Fico infeliz por ter razão: o conceito era realmente uma treta. Esta gente não sabe o que é massa com bacalhau e o prato a esbordar...
Entretanto. Antes e depois da sua lastimável fase "regional gourmet", a lojinha do outro lado da minha rua foi quase tudo, por breves temporadas e com fracasso garantido. Butique de média costura, sapataria fina, loja de animais, bijuteria e outras inutilidades, escritório, despensa, garrafeira e outros souvenirs, recepção de alojamento local e até agência de viagens que nunca abriu, mas a mim cheirou-me sempre ao mesmo: lavandaria.
Nem de propósito, a lojinha é agora um posto de lavagem self-service para cães. E na porta ao lado acaba de abrir um estabelecimento para venda de "cannabis legal" e outros "produtos derivados de cânhamo", como, por exemplo, "creme de avelãs para barrar". Reconheço a mudança de paradigma: são dois negócios com irreprimíveis potencialidades. Vejo-lhes futuro. Principalmente ao dos cães, porque nasceu no tempo e no país certos. Um tempo e um país em que os animais são de estimação, mas as pessoas não. Já quanto à canábis, vamos lá ver: não sei se o pessoal aqui da zona não andará de momento mais interessado em algo, como é que se diz, mais pesado e ilegal, vá lá...
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