Liguei esta manhã à minha mãe, para receber a indispensável bênção
semanal, e a minha mãe disse-me que em Fafe estava um frio de rachar,
daquele frio que parece que "já passou por muita neve", portanto fora de
prazo, e que por volta das seis, sete horas ouviu um too. A minha mãe
ficou muito admirada por ser só um. Ainda admitiu, a rir-se com os
botões, que fosse uma bomba, mas não, o que ouviu foi mesmo um too,
tinha a certeza.
É este falar antigo, escorreito, musical, tão galego nosso, que me apaixona tanto, e suspeito e lamento que sejam já poucos os que o guardam em Fafe. Atenção: a minha mãe falou bem. A minha mãe fala sempre bem. Toar é sinónimo de trovejar e portanto um trovão é um too. Lê-se e diz-se tôo e não tu, à estrangeira. A minha mãe ouviu um too e deram-me umas saudades desgraçadas. Porque é tão bom ouvir...
É este falar antigo, escorreito, musical, tão galego nosso, que me apaixona tanto, e suspeito e lamento que sejam já poucos os que o guardam em Fafe. Atenção: a minha mãe falou bem. A minha mãe fala sempre bem. Toar é sinónimo de trovejar e portanto um trovão é um too. Lê-se e diz-se tôo e não tu, à estrangeira. A minha mãe ouviu um too e deram-me umas saudades desgraçadas. Porque é tão bom ouvir...
P.S.
- Publicado originalmente no dia 4 de Abril de 2019. E agora a sério (à séria, se inesperadamente lido em Lisboa): hoje, 10
de Outubro, é Dia Mundial do Audiologista. No Brasil, que desde 1990 é,
não para mim, a matriz da língua que era nossa, dizem que é Dia Mundial
do Fonoaudiólogo, e eu estimo-lhes as melhoras, aos brasileiros de
nascença e aos portugueses correlativos. Saravá!
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