Não sei se se lembram: Eurico da Fonseca (1921-2000) foi o principal
especialista português em astronáutica. Praticamente autodidacta,
nomeado investigador por decreto-lei e oficialmente equiparado a
professor catedrático, colaborou com a NASA e conheceu os principais
responsáveis pelo Programa Apollo. Notabilizou-se, entre nós, como
divulgador de assuntos científicos. Na rádio, acompanhou em directo, na
então Emissora Nacional, a chegada do homem à Lua, há exactamente
cinquenta e um anos, e comentou os voos espaciais norte-americanos e
soviéticos. Mas era na RTP que eu gostava de o ouver. Ouver, escrevi
bem.
Pois foi com Eurico da Fonseca na televisão que eu aprendi que, quando
se fala de um lançador espacial, deve dizer-se foguete e não foguetão.
Foguete. Tal como na meia de vidro com fio puxado. Foguete. Tal como no Santo António da minha rua em Fafe,
com girândolas, diabos-encaixados, bombinhas, estalinhos e
bichas-de-rabear, ou rabichas, como por lá se chamavam. Foguete. Eurico
da Fonseca explicava, apenas insinuando, que foguetão é outra coisa: por
exemplo coisa gasosa, eventualmente sonora e por norma fedorenta.
Quer-se dizer: um peido, com vossa licença...
P.S. - Publicado originalmente no dia 11 de Abril de 2012.
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