sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Microcontos & outras miudezas 172

Viagem de Circunvalação
O que mais se ouve dizer por estes dias, entre o Porto e Matosinhos, à porta dos liceus, nas galerias de arte, nos cafés, nas esquinas, nos autocarros, no metro e até nas trotinetas partilhadas, é: - Mas afinal quem foi esse Fernando Magalhães?...

Botar é a direito e um beber cívico
- Botas tu ou boto eu?
- Bota tu, mas bota de alto.
- Boto em consciência.
- Então bonda, que já esborda.
- E agora?
- Agora: dou-lhe um beijinho, mando-lhe uma pescoçada, e a seguir boto eu.

Com os ursos
Mandaram-no jogar ao pau com os ursos e ele foi. Nunca mais deu notícias.

Ora bolas
Mandaram-no dar a volta ao bilhar grande e ele foi. "Bati o recorde?", perguntou no final.

Ora bolhas
Mandaram-no lamber sabão e ele foi. Divertiu-se imenso a fazer bolhinhas.

Ora batatas
Antigamente as batatas eram batatas, e isso chegava. Eram batatas para todo o serviço. Batatas unidas, iguais perante a lei, indiscriminadas, batatas universais. Agora as batatas são apartadas, rotuladas, segregadas, apontadas a dedo - nos minis, nos supers, nos hipers, nos macros e nos falsos pomares de esquina: chamam-lhes batatas para fritar, chamam-lhes batatas para cozer, chamam-lhes batatas para assar. E até faz jeito: olho para o saco, vejo "para cozer" e percebo logo que são óptimas para fritar...

À batatada
Há muito que andavam esquinudos. Um dia sentaram-se à mesa, barafustaram-se, cresceram-se, amansaram-se, tomaram-se de palavras espertas e resolveram tudo à batatada. Com bacalhau.

É hoje!, é hoje!...
Dezanove de Setembro, amanhecendo. A velha prostituta, muito limpa e organizada, consultou a agenda praticamente vazia e leu baixinho, soletrando, acariciando as sílabas uma a uma: - Dia do Ortopedista. Às 10h30.
E foi lavar-se.

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