Sou dos filmes de cobóis desde pequenino e particular consumidor dos spaghetti
de Sergio Leone com molho de Ennio Morricone. Tenho-os na despensa, a
colecção completa e indispensável. Gosto.
Gosto e assobio. Vejo-os sempre que me apetece, e se dão na televisão
(como dão de vez em quando na RTP 2, cada vez menos, ou agora nestes
canais que nos saem
do bolso, como por exemplo no Fox Movies ainda aqui atrasado), não mando
ninguém ver por mim. Vejo. Vejo e assobio. Porém,
ao fim destes anos todos e após milhões de sessões, devo confessar o
seguinte: continuo sem perceber a morte dos bandidos. Há ali qualquer
coisa que não bate certo. Quer-se dizer - os bandidos é como tordos,
morrem uns atrás dos outros até chegar ao chefe, e assim é que está bem,
mas já
repararam à custa e ao fim de quantos balázios? Já contaram quantas
balas são precisas para matar um bandido, um só, nem que seja um simples
soldado raso, figurante praticamente? Mais de dezasseis e todas
na muche, até que o estafermo do bandido, um só, aceite esticar
de vez o pernil, deixando o filme avançar. É muita despesa e má
propaganda à inquestionável
pontaria, por exemplo, de um atirador da marca de Clint Eastwood. Em
contrapartida, quando a coisa é resolvida à facada, o mau da fita morre
logo à primeira.
Tiro e queda, já viram?
Acho mal. E no entanto assobio. Ennio Morricone é que sabe...
P.S. - Ennio Morricone está a despedir-se, aos 90 anos e depois de dar música a mais de 500 filmes e programas de televisão. Não digo adeus Morricone, digo viva Morricone, porque Morricone não vai, Morricone fica. No ouvido. No meu cinema paraíso. E eu assobio...
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