Uma questão de insondabilidade
Quando tirou a última pedra do caminho, enterrou-se em lama até aos tornozelos.
Os promocionistas
Só naquela semana o grande retalhista baixou o preço a mais de cem
artigos, trezentos incisos e quinhentas alíneas. Os apensos é que
continuavam em falta.
O mal dos nomes vulgares
"Opíparo!", gritou ela esfuziante no meio da esplanada. Píparo, que
passava, voltou a cabeça desinteressado, confirmou que não era consigo,
desvoltou e seguiu caminho insignificante.
A landre
A landre, é preciso que se note, já serviu para a nossa alimentação. O
povo - isto é, o pobo - chama-lhe também bolota ou glande. Há quem
agarre na glande e dela faça carvalho.
No país dos setores
Há o setor público e o setor privado. O setor público ensina sobretudo
em escolas do Estado e o setor privado em colégios fardados e
universidades altamente propinadas. Há também, por exemplo, o setor da
saúde, que, regra geral, é médico. O setor da saúde também pode ser
público ou privado. Ou público e privado...
O Teles Evangelista
O Teles Evangelista é operador de grua e, não sabe bem porquê, já foi convidado para dois governos estrangeiros. Declinou.
O bom racista
A olho nu não se percebe, mas ao microscópio (isto é, vestindo o olho)
chega-se lá: o racismo divide-se em duas partes e há uma nanométrica
diferença entre o racista bom e o racista mau. O bom racista começa as
frases dizendo - Eu não sou racista,
mas...
Sem comentários:
Enviar um comentário