Na beira da estrada, nacional treze, o letreiro em cartão canelado castanho recortado às
três pancadas e infantilmente colorido, porém sem erros: "Fruta low
cost".
Parei. Perguntei:
- Esta fruta é mesmo low cost?
- Low costíssima, meu caro senhor. Se encontrar fruta mais low cost, devolvemos-lhe o dinheiro. É o lema da casa...
- Qual casa?
- A carrinha, o toldo...
- E a como é o quilo?
- Da carrinha ou do toldo?
- Da fruta low cost...
- Cinco euros a caixa.
- Com fruta?
- Com fruta.
- Francamente, não acho lá muito low cost...
- Olhe que mais low cost do que isto não há...
- Por acaso, ali atrás, coisa de quinhentos metros, era mais low cost...
- Dou isso de low cost, quer-se dizer, mas é preciso ver a qualidade do
produto. Como diz o nosso povo: às vezes o low cost sai high cost...
- Que interessante conversa! Agora que já nos entendemos,
diga-me lá sinceramente: cinco euros a caixa, com fruta, é mesmo o mais low cost que me pode
fazer?
- É preço de tabela, indexado à cotação do Brent, meu caro senhor.
Amigos amigos, negócios à parte: se eu lhe levasse mais low cost,
entraria em deficit, certamente em default, e estaria outra vez com a troika à
perna, isto é, à leg...
- Nesse caso, arrivederci!
- Não venhas tarde...
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