sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Teixeira de Pascoaes 8

Poeta

Quando a primeira lágrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.


Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Sou, em futuro, o tempo que passou -
Em num, o antigo tempo é nova idade.


Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.


Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.


"Sempre", Teixeira de Pascoaes

(Teixeira de Pascoaes nasceu no dia 8 de Novembro de 1877. Morreu no dia 14 de Dezembro de 1952.)

Sem comentários:

Enviar um comentário