quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Manoel de Barros 7

Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu
destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas


Manoel de Barros

(Manoel de Barros nasceu no dia 19 de Dezembro de 1916. Morreu em 2014.)

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