Os roçados botados de novo, as cercas em pé, o açude acabado e nada de chover. Mal neblinou, a terra não molhou e o açude sem um pingo d’água. As aves deixaram de cantar e os matos secaram. Quando mais o Alívio precisou de chuva para as suas terras, o inverno faltou.
Só para seu Tota foi bom. Um ano de seca lhe rendia mais do que um ano de safra, de fartura. Fazia os melhores negócios pela hora da morte, tomando as terras dos seus devedores atrasados pelos preços que queria. Papai, a conselho de mamãe, botou a sela num cavalo e ainda foi conversar com seu Tota, em Currais Novos, e seu Tota o recebeu de braços abertos. Não queria o sítio. Não lhe interessava. Precisava sim do seu dinheiro, dos trinta contos que tinha emprestado, pois estava em aperto para fazer uns pagamentos nos bancos em Natal e necessitava receber o que lhe deviam. E deu mais um mês a papai que podia procurar um comprador para o Alívio, que era um sítio bom e com a venda lhe pagasse.
Papai voltou desanimado para casa.
"Os Brutos", José Bezerra Gomes
(José Bezerra Gomes nasceu no dia 9 de Março de 1911. Morreu em 1982.)
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