Valsa das chamas
Noite. Em meu quarto solitário, apuro
O meu destino; a solitude ambiente,
O tédio, a hora, o mal-estar de doente
Tudo me torna o pensamento obscuro.
Em vão me apego à idéia sempre ardente
Da vida - esta volúpia do futuro.
Queima-me intensa febre o sangue impuro.
Perpassam-me relâmpagos na mente.
Deliro. E a meu olhar que tudo ilude
A vela cresce, assume outra amplitude,
Deixa o recinto entre clarões de flamas...
... Surge-me assim, ante as pupilas pasmas,
Salomé, numa orgia de fantasmas,
Bailando a valsa erótica das chamas...
"Solitudes", Pereira da Silva
(António Joaquim Pereira da Silva nasceu no dia 9 de Novembro de 1876. Morreu em 1944.)
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