Antecipo minhas rugas no espelho.
A sombra hirta que foi vejo curvada.
Piso fundo no chão que silencia
E vou contar estrelas na vidraça.
A ave do desejo pousa em livro.
(Não há no vácuo acústica às palavras)
Liberto já do sonho que não tive
Fujo de mim e só de mim fugindo
Sem dar um passo além do que pensara
Quando fui velho sem chegar a ser.
O meu patético olhar engole o longe:
- Escuro limitando com escuro
E quanto ao perto: cinza no cinzeiro
E o negro cão do tempo me mordendo.
"Sombra e Asfalto", Antísthenes Pinto
(Antísthenes Pinto nasceu no dia 28 de Novembro de 1929. Morreu em 2000.)
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