Alma livre
Sou cigano e não sei se a minha caravana
Ainda uma vez terá o sol de tua aldeia,
Disco de ouro e rubi, esse sol incendeia
Teu sangue de mulher amorosa e tirana.
Para o filho da Boêmia é a sorte soberana;
Tem, no Acaso, seu deus; no Amor, que inspira e enleia,
O universo resume, e à noite, à lua cheia,
À angústia do violino a sua angústia irmana.
Traz no fogo do olhar a imagem das distâncias,
O eco das solidões em seu peito soluça,
Como soluça o mar, na concha, as próprias ânsias.
Sabe que a vida é breve e vã a angústia humana,
Tem um código seu. Nele, estóico, se embuça.
Se a alegria findou, que siga a caravana.
"Almas no Espelho", Humberto Lyrio
(Humberto Lyrio nasceu no dia 29 de Novembro de 1918)
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