quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Eles gostam de sofrer

Espreito da minha varanda e não compreendo o que vejo. O que estão a fazer ali aqueles milhares de pessoas quase nuas? Foram obrigadas? É um castigo? Vieram de livre vontade? E porque trouxeram as crianças e os velhos? Palavra de honra, não percebo. Se ao menos houvesse a sombra de uma árvore, a frescura da erva verde, um regato cristalino e gelado onde demolhar os pés e meia dúzia de garrafas, ainda vá que não vá. Mas não, é só areia, areia e mais areia, areia de mais para a minha camioneta.
Areia a escaldar e a voar, um sol a pique e impiedoso, o ar parado, pesado.
Sua-se em bica, sufoca-se, leva-se com boladas no nariz e nos tomates, a pele derrete e dói, a cabeça estala, a areia cega, pica, mete-se nos dentes, incomoda o rego do cu. E aquela gente parece que gosta, guincha de prazer. Gente esquisita. O que a praia lhes faz... Desisto, não entendo, mas talvez Sacher-Masoch explique.

(Se estas minhas palavras tiverem algum eco, não é de admirar: estou a escrever de dentro do frigorífico.)

4 comentários:

  1. Pois caro Neques, sorte sua!... eu escrevo de dentro de um multibanco e para além de uma retroescavadora, gás propano e um pé de cabra... ainda tenho que gramar um calor do ca*******!

    j.

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  2. Suponho que o Exm.º j. seja o famoso anão do multibanco. Pois, realmente há empregos assim...

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  3. Nem mais, caro Neques... sou eu mesmo, o por muitos desconhecido mas indispensável anão do multibanco! E aviso desde já que, por hoje, se me acabaram as notas de 20€!...

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  4. Pela minha parte, aceito notas de 50 quando V. Ex.ª não tiver notas de 20.

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