terça-feira, 23 de agosto de 2011

De volta ao football

As primeiras cadeiras que apareceram no nosso futebol foram os então chamados lugares cativos. Um luxo para uns poucos, normalmente circunscrito a uma zona reduzida da bancada central e que garantia ao associado aderente o domínio soberano sobre cerca de 40 centímetros de estádio. Aquele espaço era dele, estava numerado e devidamente identificado, era intransmissível e motivo de muita discussão e alguns cachaços por causa das ocupações selvagens.
A cadeira de plástico era paga por cada um por cima da quota normal de sócio de bancada e por isso, por uma questão de poupança, ninguém se atrevia a arrancá-la para a atirar à cabeça do árbitro. Bons tempos!
Mas os portuguesíssimos lugares cativos, assim chamados, acabaram. Agora há o Dragon Seat, o Red Pass e a Gamebox. Quê? Eu repito: o Dragon Seat, o Red Pass e a Gamebox. E isto é o quê? Manobra de marketing? Enfim a modernidade? Não, nada disso! São os nossos três grandes - FC Porto, Benfica e Sporting - a andarem às arrecuas. Até parece que tornámos ao tempo do offside...

2 comentários:

  1. Caro Amigo
    Nem imagina o quanto eu já viajei no tempo a partir deste seu Artigo...
    Retrocedi aos finais dos anos sessenta do século passado. Recentemente regressado da Guerra Colonial, não falhava um só jogo do Glorioso Boavista. Mau-Mau desde pequenino, tinha no meu sogro o companheiro ideal, era-mos ambos sócios de Bancada-Central, mas só ele tinha lugar-cativo. Raramente o ocupava, ou porque preferia ficar junto de mim, ou porque quando lá chegava estava o mesmo ocupado por um artista qualquer. A Bancada do Bessa, de cimento e muito desconfortável, era percorrida vezes sem conta, quer por vendedores de caramelos e chocolates, quer por jovens que, ao serviço do Clube, nos alugavam almofadas que minoravam o desconforto e que invariavelmente arremessava-mos aos desprotegidos juízes de linha.
    Recordo-me também de, por essa altura, eu, que à época era estofador de móveis, ter confeccionado duas fofas almofadas aos quadradinhos pretos e brancos, que levava-mos e trazia-mos debaixo do braço.
    Obrigado NEQUES por me avivar a memória.
    Gaspar de Jesus

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  2. Caro Gaspar de Jesus,
    Já ganhei o dia, com o seu comentário. Muito obrigado.

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