Às sextas-feiras aparece o Álvaro da Economia com mais uma das suas tiradas "históricas" para alimentar o fim-de-semana informativo-comentativo. À porta dos tascos do Porto, um papel sebento anuncia "Hoje há tripas". Nas agendas dos jornais, das rádios e das televisões, o aviso é outro: "Hoje há Álvaro". O Álvaro é um prato. O Álvaro é o nosso Sexta-Feira e eu já começo a achar piada ao tipo.
Às sextas-feiras, Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia e da propaganda, visita o País e os microfones. Não se sabe o que ele faz, só se sabe o que ele diz. O Álvaro da Economia é um ministro que governa da boca para fora.
No passado dia 19, sexta-feira, o ministro foi de visita ao Porto de Sines e, já agora que estavam lá os senhores jornalistas, prometeu "reformas estruturais históricas" para o País. Oito dias depois, ontem, sexta-feira, o ministro foi de visita à Autoeuropa e, já agora que os senhores jornalistas lá estavam, prometeu um "corte histórico" na despesa do Estado.
Atente-se na modéstia dos objectivos: tudo o que o Álvaro da Economia promete fazer, sem explicar como nem quando, vai ser "histórico", e apenas isso. Qualquer ministro mais gabarola apontaria a adjectivos como sensacional, espectacular, monumental, iglantónico, piramidal, glorioso ou celestial. Mas o nosso Álvaro não é desses. Em todo o caso, e embora este seja manifestamente um Governo mais de adjectivos do que de objectivos, o que o povo espera é que, se alguma medida se concretizar, ao menos que venha a ser histórica pelas melhores razões...
Entretanto, preparem-se: o ministro prometeu ontem prometer para a semana medidas para "relançar os centros de emprego". Serão medidas certamente "históricas", apresentadas provavelmente na sexta-feira, só não se sabe ainda aonde é o passeio.
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